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“Silêncio de Farda”: o grito contido de quem protege Minas Gerais

abr 7, 2025

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A segurança pública em Minas Gerais enfrenta um cenário de negligência e invisibilidade, sentido diariamente por aqueles que arriscam suas vidas para proteger a sociedade. Em meio a essa realidade, a associada do MIOSP-MG, Naldha Alves, nos presenteia com um poema tocante que ecoa o sofrimento silencioso dos operadores da segurança pública.

Com sensibilidade e força, “Silêncio de Farda” revela, em forma de poesia, a dor camuflada por trás das fardas, o cansaço ignorado pelo Estado e a luta constante por dignidade. O poema é mais que um desabafo — é um chamado por respeito, por valorização e por mudança.

Confira na íntegra:

Silêncio de Farda

(Naldha Alves)

O governador sobe no palanque,

Fala em crise, finge pesar.

Mas com uma canetada firme,

Triplica o próprio salário, sem hesitar.

 

Enquanto isso, nas sombras frias,

A polícia sangra sem gritar.

Olhos secos, corações cansados,

Sem reajuste, sem lugar.

 

Somos a linha entre o caos e a ordem,

Mas vivemos à beira do abismo.

Cada farda carrega um luto,

Cada plantão, mais um heroísmo.

 

O autoextermínio virou estatística,

Mas atrás do número tem um irmão.

Tem uma família que chora em silêncio,

E um Estado que vira o rosto, em negação.

 

Migalhas no vale-alimentação,

E a saúde? Estão tirando também.

Como lutar por um povo inteiro

Se nem por nós lutam ninguém?

 

É desumano, é cruel, é vergonhoso.

Sofremos calados, de peito aberto.

A polícia mineira está pedindo socorro —

Mas quem escuta esse grito encoberto?

 

Minas Gerais, olha pra quem te defende,

Antes que seja tarde demais.

Porque até o herói mais forte cai,

Quando só recebe desprezo e jamais a paz.